Oftalmologista presidente da Sociedade Brasileira de Catarata e Implantes Intraoculares (SBCII) reclama que a tabela de Snellen, a qual mede a visão, desde o século 19, está defasada e não corresponde à rotina das pessoas no século 21.
"Uma pessoa pode ter visão 20/20, o que significa 100%, na avaliação da medida da visão feita no consultório, por meio de uma tabela de Snellen, e, dependendo das condições de iluminação e contraste, não poder enxergar uma criança atravessando a rua enquanto dirige. O teste de acuidade visual por Snellen não serve mais para medir a qualidade de visão.
Este teste serve apenas para medir a quantidade de visão nas condições de uma sala escura, com letras de alto contraste. A medida não corresponde ao dia-a-dia da maioria das pessoas". O comentário é do oftalmologista do Hospital Oftalmológico de Brasília (HOB) e presidente da Sociedade Brasileira de Catarata e Implantes Intraoculares (SBCII), Leonardo Akaishi, ao declarar que a tabela de Snellen - aquela com as letras pretas que vão diminuindo de tamanho - , está defasada diante dos novos recursos existentes.
Atraso secular - Segundo Akaishi, frente aos avanços tecnológicos, que proporcionam melhorias à visão com conforto e segurança, não faz mais sentido limitar os diagnósticos oftalmológicos a padrões criados na primeira metade do século 19, quando Herman Snellen apresentou sua tabela como medida.
"A vida não é em preto e branco como a tabela de Snellen, que serviu muito enquanto não existiam outras alternativas. Hoje, existe o teste de visão por contraste que mede a qualidade da visão a partir da percepção em uma escala de preto a cinza", observa.
O teste de contraste é realizado a partir de variação com a letra "E", porque necessita o dobro de frequências para a percepção do que a letra "L", por exemplo.
A acuidade visual, de acordo com Akaishi, é definida pela avaliação de três fatores:
1) A difração, que é relacionada ao tamanho da pupila. Quanto maior a pupila, melhor a difusão;
2) As aberrações, causadas por alterações na córnea ou no cristalino, os quais não podem ser corrigidos com óculos, quando forem de alta ordem;
3) A densidade das células fotoreceptoras presentes no fundo do olho.
Cristalino - É na avaliação das aberrações que o diagnóstico de catarata pode ter origem e o médico indicar a substituição do cristalino, assinala Akaishi. Ele explica que "quando as aberrações de alta ordem se localizam no cristalino, mesmo com visão 20/20, a qualidade da visão está péssima e em determinadas condições de luminosidade ambiente, um motorista, por exemplo, não percebe nem mesmo a presença de uma criança atravessando uma rua".
Nessas condições, há necessidade de substituir o cristalino, e este procedimento caracteriza uma cirurgia de catarata, uma vez que as aberrações são consideradas opacidades, esclarece. O médico frisa que "por este motivo a indicação da cirurgia da catarata, mesmos em pacientes com visão 20/20 é preconizada, para melhorar a qualidade da visão".