Prismas ou Lentes Prismáticas em Óptica Oftálmica
21 Novembro 2022  | Seção: Colunas & Artigos  |  Categoria: Dicas
  
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Artigo Vilmário Antonio Guitel para Opticanet
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Prá que servem?
Qual a função na visão?
Quem prescreve?
Quem fabrica?
 
 

Prismas são lentes que podem ser utilizadas em vários casos na clínica optométrica e oftálmica. Lentes prismáticas são sistemas óticos que dispersam e desviam tanto a luz, (para a base), como as imagens (para o ápice). Elas são utilizados normalmente para desviar a luz e/ou a imagem de várias formas, conforme a necessidade de pessoas acometidas por transtornos neurológicos que afetam a visão, das mais variadas origens. Sua utilização depende da magnitude da compensação exigida em cada caso ou situação.

Entre as características mais importantes das lentes prismáticas é a determinação da potência do desvio (necessário para corrigir o transtorno do paciente) e a direção da base do prisma que poderá ajustar a visão da pessoa acometida do transtorno.

Os prismas são tipicamente feitos de vidro, mas também podem ser fabricados de outros materiais transparentes com boa qualidade óptica. São confeccionados por laboratórios que fabricam lentes oftálmicas. Devem ser solicitadas por encomenda acompanhado da prescrição óptica, onde deve constar a correção da ametropia + o valor do prisma e respectiva base.

Ex.:  OD +2.25 ? 1.00 X 90º + 3? base superior
OE +2.00 ? 1,25 X 95º

Como é uma lente com prisma

O prisma é um sólido geométrico estudado na geometria espacial. Ele possui sempre duas bases paralelas, formadas por polígonos e as suas faces laterais são sempre paralelogramos. O prisma recebe um nome de acordo com o formato da sua base.

Em óptica oftálmica, é utilizado o prisma de base triangular que tem por finalidade ajustar as imagens de pessoas portadoras de anomalias da visão binocular. De maneira especial servem como uma das ferramentas para corrigir diplopias.

O que é efeito prismático?

Em óculos, seja miopia, hipermetropia ou astigmatismo, qualquer erro na centralização das lentes, por DNP incorreta, tanto na horizontal e pior ainda na vertical, acaba por provocar um efeito prismático. Essa condição pode causar uma situação indesejável ao usuário dos óculos, visto que, um objeto observado a certa distância é deslocado para um local diferente do real e pode ocasionar deformação dos objetos, o que provoca desconforto e má qualidade de visão, trazendo como consequência, dificuldade na adaptação dos óculos. É muito frequente o cliente vir ao consultório com queixa de seus novos óculos. Ao medir as dioptrias, estas estão corretas. Mas as DNPs estão fora das medidas da prescrição do cliente, provocando um efeito prismático indesejável. A solução será trocar as lentes com a DNP correta. 

Como prescrever lentes prismáticas?

A prescrição e a montagem de lente com prisma obedecem a orientação da base do prisma. Significa que a posição do prisma será montado conforme a orientação da "base do prisma? que deve constar na prescrição óptica como: Base "superior", "inferior", "temporal" ou "nasal". Também pode constar conforme a "direção do desvio" encontrado no exame quando foi conseguida a imagem única com os dois olhos abertos. 

Em caso de prisma de dioptria elevada, será necessário ao profissional o uso do DIAL de 360º. Assim se torna possível dividir o prisma entre os dois olhos, quando necessário, para proporcionar uma espessura menor. Como exemplo, em um paciente, além das lentes que estarão corrigindo a ametropia, foi necessário adicionar 16? com a base do prisma à 10º no OE (assim se resolveu uma diplopia nefasta). Com estas lentes, a pessoa (que tinha diplopia) conseguiu ver uma imagem única binocular. Contudo, como uma lente de 16? tem uma espessura impraticável para ser colocada em óculos, a prescrição pode ser dividido entre os dois olhos, que ficará assim:

OD 8? com base à 190º
OE 8? com base à 10º 

Fica claro que o dial utilizado para definir o eixo da base do prisma no olho contralateral, foi com um DIAL de 360º. Para determinar a base do prisma do olho contralateral, deve-se somar ao eixo obtido no primeiro olho (neste caso a Base ficou à 10º) e deve ser somado + 180º para a base do outro olho, (que ficou à 190º).

Esta correção também pode ser designada como "prismas gêmeos" pois as lentes possuem a mesma potência em AO e estão voltadas para a mesma direção de eixo da base do prisma.
  
 

Qual a função na visão? 

As lentes prismáticas têm várias finalidades na clínica optométrica. O prisma pode ser um tratamento poderoso para muitas condições e vários pacientes podem obter vantagem, especificamente aqueles que sofrem de astenopia ou diplopia constante ou intermitente. Mesmo prismas com dioptria pequena, 0.50? ou 1? podem resolver transtornos que outras lentes não resolvem.

Embora prescrever com sucesso, às vezes possa parecer uma tarefa demorada e assustadora, o estudo e o preparo técnico científico, ajudam a incorporar novos conhecimentos para o uso de prismas, sobretudo para condições de transtornos da visão binocular. 

Na prática diária o optometrista poderá obter bons resultados. A imagem dupla da qual muitas pessoas se queixam, pode ser solucionada com uma correção acertada com prismas em óculos adicionadas às lentes para corrigir as ametropias.

Identificando candidatos para terapia com prismas.

Um dos aspectos mais importantes na prescrição de prisma com sucesso é saber quando e quais pacientes se beneficiarão com uma correção com lentes prismáticas. O primeiro obstáculo é garantir que o paciente se sinta confortável com o uso de óculos prismáticos.

Pequenas quantidades de prisma vertical podem ser necessários em pacientes que apresentem um desvio vertical acima de 2? que pode ser encontrada pelo Teste de Torrignton com facilidade. Esta condição compromete a visão e requer auxílio óptico com prisma para conseguir uma visão única. É muito importante executar os testes de adaptação prismática: solicitar que o paciente ande com os óculos, desça escada e permaneça com os óculos por algum tempo para observar seu comportamento. 

Embora o uso do prisma pareça um requisito muito básico, pode representar um obstáculo se não for feito de forma adequada, dentro de critério técnico e com conhecimento de detalhes. Caso contrário, melhor não usar correção prismática de forma alguma, pois se a prescrição não for correta, pode causar mais prejuízo do que benefício ao paciente. 

Educar os usuários sobre os benefícios do uso do prisma é fundamental para ajudá-los a aceitar a correção quando necessário. 

Pacientes com distúrbios de visão binocular não estrábicos, como insuficiência de divergência, esoforia básica e heteroforia vertical, e sobretudo pacientes que sofreram traumas cerebrais, desde um AVC ou qualquer pancada na cabeça, todos podem se beneficiar do tratamento com prisma. Particularmente prisma de alívio ou que elimine a diplopia. Enquanto outros, incluindo aqueles com excesso de convergência, insuficiência de convergência, excesso de divergência ou exoforia básica, todos são melhor gerenciados com outras modalidades de tratamento, como terapia visual ou simplesmente uma correta prescrição de lentes em óculos.

Uma opção para pacientes que necessitam de correção com prisma é prescrever esta modalidade para aliviar a diplopia e astenopia e, ao mesmo tempo, indicar o paciente para fazer "terapia de visual" para tentar diminuir ou eliminar a quantidade de prisma necessária.

É importante saber que a prescrição prismática é um tratamento terapêutico. Significa que o uso da correção pode ser paliativa e deverá ser usado apenas durante algum tempo. Mesmo porque, após o uso por determinado tempo, o paciente pode retornar a consulta e não ter mais a necessidade dos prismas ou pode precisar de prismas com outro valor dióptrico. 

Prá que servem as lentes prismáticas?
Lesão Cerebral

* De acordo com o web site de Brain Injury Association http://www.biausa.org/brain_injury_and_you.htm)
(Associação de Lesão Cerebral), uma lesão cerebral traumática ou (TBI em inglês) define-se como: 
"Uma lesão no cérebro, que não é de natureza degenerativa ou congênita, mas causada por uma força física externa, (trauma ou pancada), pode produzir um estado de consciência diminuído ou alterado, levando a um resultado de impedimento das capacidades cognitivas, com dificuldade no funcionamento emocional e do comportamento?. Os indivíduos com lesão cerebral experimentam com freqüência problemas como perdas sensoriais tanto da visão (diplopia) como da audição (zumbido).
Crianças com lesão cerebral traumática enfrentam problemas nas áreas de comunicação, na aquisição de novas informações, orientação espacial, atenção e concentração, finalizar trabalhos, controle olho-mão, dificuldade em lidar com os sentimentos, problema na integração social e conversação social.

Síndrome de Visão Pós Trauma (SVPT)
Os problemas sensoriais são comuns depois de uma lesão cerebral traumática. Mesmo pequenas pancadas podem causar transtornos que aparecem durante o transcorrer da vida. Pacientes nesta situação enfrentam problemas com sua visão que são conhecidos como o Post Trauma Vision Síndrome (PTVS sigla em inglês da Síndrome de Visão Pós Trauma). 

Mais da metade das pessoas que tenham sofrido lesão cerebral têm problemas de visão, tais como visão dupla ou embaçada, assim como dificuldades no campo visual. A visão dupla ou embaçada pode melhorar durante os primeiros seis meses pós trauma, com ganho de campo visual, porém é mais comum que as anormalidades persistam e necessitem de ajuda com lentes. (Mira, Tucker, & Tyler, 1992) 
A visão binocular é a que nos permite mesclar as duas imagens vistas por cada um dos olhos, permitindo ver uma só imagem. Os problemas a longo prazo com a visão binocular são comuns: 

* Estrabismo: desalinhamento do olho causado por um desequilíbrio muscular; 
* Disfunção óculo motora: problemas com o movimento do olho. 
* Convergência: desorganização dos movimentos simultâneos de ambos os olhos, diferentes entre si no esforço para manter uma só imagem de um objeto conforme este se aproxima. 
* Anormalidades de acomodação: problemas para focalizar objetos e produzir uma imagem clara conforme os objetos se movem para mais próximo. 
* Visão dupla: perceber duas imagens de um só objeto. 

SUPRESSÃO. 

Quando estas condições se apresentam desde o nascimento, o cérebro se adapta suprimindo a visão de um dos olhos. 

Contudo, na Síndrome de Visão pós-Trauma, a condição ocorre de maneira repentina ou abrupta. O cérebro não tem a oportunidade de se adaptar gradualmente e a perda visual persiste. 

No caso de tratamento optométrico, o profissional indicado deve ser um Optometrista Comportamental ou Neuroptometrista.

A visão dupla interfere em particular com a percepção de profundidade, localização de objetos e a capacidade de relacionar a informação visual com as experiências cinestésicas, proprioceptivas e vestibulares. Estes termos são explicados a seguir: 

Cinestésico: tem a ver com a sensação consciente da posição das articulações, do movimento, do espaço e da posição no espaço. 

Proprioceptiva: tem a ver com saber a posição ou relação das partes do corpo nas posições paradas (estáticas) sem a necessidade de ver ou tocar seu braço. 

Vestibular: tem a ver com o sistema reflexo do cérebro que coordena os movimentos do olho com os da cabeça, para que uma pessoa possa manter os olhos fixos num objeto conforme move sua cabeça. O sistema vestibular nos ajuda a preservar o equilíbrio. 

Devido à visão dupla, que ocorre em pacientes com SVPT, elas se vêm atrofiados, sem equilíbrio, o que dificulta a coordenação e os movimentos. (Padula, Shapiro, & Jasin, 1988) .

Muitas pessoas com uma lesão cerebral posterior a um trauma, experimentam diversas anormalidades visuais e perceptivas. São comuns os problemas com a organização espacial. Algumas pessoas podem desenvolver uma postura anormal de cabeça (torcicolo), junto com um crescimento elevado dos tecidos musculares em partes do corpo, particularmente nas áreas da cabeça, do pescoço e dos ombros. Isto acontece porque a pessoa tratará de corrigir ou melhorar sua postura e funcionamento visual, sacudindo ou sustentando a cabeça em uma posição que não é a natural (pescoço torto). (Padula, Shapiro, & Jasin, 1988). Todas estas situações são passíveis de correção com uso de prismas adicionado à correção da ametropia. Portanto, vale o sacrifício de estudar e consolidar conhecimentos que permitam indicar correções prismáticas com eficiência e segurança. 

Itapecerica da Serra, novembro, 2022
Clínica da Visão
Rua Major Telles, nº 8, Centro.
Fone 11 4666 3746

PROFESSOR Vilmario Antonio Guitel 
BACHAREL EM OPTOMETRIA UNC SC
OPTOMETRISTA, OD - Regional SP CROOSP 02.003
Técnico em Óptica e Lentes de Contato - SENAC SP
Pós Graduação "Alta Optometria Pediátrica" - UNC - SC
Pós Graduação "Magistério do Curso Superior" - UNC - SC
Especialista em Fototerapia Syntonic - Instituto Thea, Florianópolis SC 
Optometrista Comportamental - Instituto Thea, Florianópolis SC
Neuroptometrista - Instituto Thea, Florianópolis SC
Colunista Opticanet - Categoria: Colunas & Artigos
Fonte:
Vilmário Antonio Guitel

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Silvania José da Silva Santos - 21/Nov/2022 às 12:11h
Gostei muito da matéria,pra nós ópticos precisamos estar sempre bem informados.
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