A coluna Serjão Óptico conta nesta edição a história de mais um profissional que vem se destacando no segmento óptico brasileiro.
Mudando de foco. Foi assim que, há mais de 4 décadas, no início dos anos 80, que um fotógrafo começou um novo negócio no segmento óptico.
Ele deixou as lentes das câmeras para se dedicar a outras: as dos óculos.
Assim como fazia com a sua câmera fotográfica, ele também foi revelando o seu talento para fazer com que mais e mais pessoas pudessem ver um mundo bem mais bonito e nítido através das lentes oculares.
Mas seu Moacir Kulisz não estava sozinho em sua nova empreitada. Tinha ao seu lado a esposa Lúcia e os dois filhos Shanna e Daniel. Os pequenos ficavam na loja "brincando" de carimbar e montar carnês no balcão da loja.
E esta "brincadeira" fascinava Shanna, a filha do senhor Kulisz. Ela se sentia importante fazendo isso e achava que estava realmente contribuindo com o trabalho da empresa. E mal sabia que estava mesmo.
Mas a menina que "brincava" de trabalhar na óptica foi crescendo. E, na adolescência optou por um sonho de infância que era de se tornar médica veterinária. Porém, mesmo cursando a faculdade sonhada, Shanna continuou trabalhando na óptica na parte administrativa, e também participava das feiras e acompanhava as compras das armações.
Alçando novos vôos
Médica veterinária quase formada, Shanna optou em trabalhar com animais silvestres em outro país. Mudou-se para Israel. Mas, depois de alguns meses, atendeu aos apelos de sua mãe e retornou ao Brasil.
De volta ao Brasil, influenciada pelo negócio do pai e pelo mundo eyewear, decidiu voltar a estudar e fazer faculdade de Moda. Durante o curso, por falar vários idiomas e pelo seu perfil de boa comunicadora, recebeu o convite para ir trabalhar com Alexandre Birman na área de pesquisa de desenvolvimento de tendências.
Mais uma vez, mesmo gostando muito de atuar ao lado de seu pai na óptica, teve seu total apoio e mudou de rota mais uma vez.
"Trabalhar com o Birman foi um aprendizado gigante sobre sapatos, mas também me ensinou muito sobre o mercado da moda e dos acessórios em geral. Antes eu entendia um pouco do mercado do Rio Grande do Sul, mas não tinha ideia de como era em Minas ou na Bahia, por exemplo." revela Shanna.
Novos ângulos e novas conexões
E a possibilidade de se conectar e de se relacionar com vários tipos de pessoas e culturas fascinou o olhar de Shanna mais uma vez. Nas palavras dela "mineiros são pessoas "macias" que recebem com carinho, são acolhedores e têm muita empatia."
Ao mesmo tempo, a gaúcha, filha do seu Moacir Kulisz, se relacionou e aprendeu muito com representantes dos grandes fabricantes de calçados, em uma área do varejo que não tinha muito conhecimento.
Olhar atento e curioso
E ela começou a prestar muita atenção nos lojistas de cada região para entender os anseios e necessidades de cada um, e levar essas informações para dentro da fábrica.
Esses dois anos e meio foram intensos e, essa troca de informação com bases em dados sólidos. "Vimos que não sabíamos tudo e passamos a dar importância a essa observação e escuta que iniciei, sempre com o apoio e mentoria do Alexandre, que como disse, me trouxe para trabalhar e acreditou no meu potencial sem ter experiência na área de calçados." reforça.
Olhando para dentro
E na passagem de 2008 para 2009, após esse período totalmente voltado para fora, de muitas viagens, muito trabalho, de segunda a segunda, chegou a hora de olhar mais para as suas raízes e para a sua família. E foi aí que Shanna decidiu retornar aos negócios do pai, e por ser uma empresa familiar, ela sempre soube que teria que estar presente no dia a dia da loja.
E hoje ela é, ao lado do marido Álvaro, a segunda geração da família no negócio óptica.
No início, como não poderia deixar de ser, seguindo a sua natureza observadora e atenta, fez um trabalho de imersão no balcão observando o atendimento. Depois partiu para a operação diária e entrou de cabeça para alavancar o negócio, pois tinham uma loja no melhor ponto do melhor bairro de Porto Alegre há mais de 30 anos. Uma região que foi crescendo e se tornou uma região de luxo na capital gaúcha.
Olhar apurado e renovado
E mesmo com funcionários com mais de 20 anos de experiência, ela foi implantando um jeito de trabalhar e atender com o seu olhar cheio de referências e de expertise. Hoje, a compra e a curadoria dos produtos é muito baseada nesse olhar apurado de Shanna, principalmente quando fazem a seleção e compras de peças fora do Brasil.
"Trabalhando num mercado exigente e tradicional como o de Porto Alegre, fomos desenvolvendo um trabalho que nos credencia como uma das melhores lojas da cidade." destaca Shanna.
Foco nas pessoas
Os colaboradores sempre foram um dos pilares da empresa. No entendimento do pai da Shanna, investir em pessoas desenvolve a confiança que é a base para o crescimento. "Temos no nosso quadro de funcionários pessoas que estão conosco há mais de 30 anos." ela reforça com orgulho.
Olhar a frente do tempo
Devido a sua formação e especialização em moda, Shanna sempre teve um olhar de vanguarda, em busca de tendências. Para ela, adiantar o que está por vir aos clientes é mais que um compromisso, é a sua vocação.
E neste quesito, as feiras são a maior fonte de inspiração e celeiro para conhecer novas marcas e produtos. E com o seu olhar apurado, consegue traduzir em produtos e marcas o que os seus clientes vão querer consumir, programando suas compras de acordo com a modelagem e cor.
Além do que está exposto nos grandes pavilhões, ela também faz uma imersão e pesquisa de mercado nas lojas independentes da cidade onde está ocorrendo a feira. Tudo isso é muito mais fácil, claro, por sua fluência em quatro idiomas.
Visão independente
Hoje o movimento e a inclinação do olhar do mercado para marcas independentes estão em alta. Mas Shanna e seu pai já trabalham com esses produtos há mais de 25 anos em suas lojas por pura curiosidade, e para diversificar a oferta e o mix de seus produtos.
Saltando aos olhos
E este é um pouco da história da mulher empreendedora e liderança de destaque no segmento óptico, Shanna Kulisz do Centro Óptico de Porto Alegre. Uma pessoa que me identifiquei logo que conheci. Por tudo que você leu até agora, mas, principalmente e sobretudo, porque ela gosta de compartilhar suas experiências, principalmente para o ramo, desde que também iniciou outro projeto que é traduzir e trazer para lojistas que não estão presentes nas principais feiras mundiais, um pouco da sua visão resumida e fundamental para o dia a dia do balcão. Assim como eu, ela acredita que quanto mais conhecimento partilhamos, neste mercado que não é tão aberto a novas ideias e novas práticas, mais oportunidades vamos encontrar para aprender e crescer juntos.
Serjão Óptico