Saiba porque é tão comum o uso errado dessas palavras e como usá-las corretamente
É comum vermos publicadas as palavras óticas e ópticas escritas num contexto errado, mas porque essas palavras causam tantas confusões?
A Língua Portuguesa é rica e todos sabem disso, mas o que quase ninguém sabe são das reais mudanças que foram acontecendo através dos anos, na qual surgiram muitas regras e adaptações das palavras. No caso de óptico e ótico, foi uma dessas mudanças mal divulgadas que causou tanta confusão, uma delas é no uso grafia correta de óptica e seus cognatos que por descuido e ignorância sofreram a supressão da letra "p".
Quando se escreve óptico com a letra "p" na primeira sílaba estamos nos referindo ao sentido da visão e ótico sem o "p" estamos nos referindo ao sentido da audição.
Assim, tudo que se relaciona aos olhos ou à visão deve receber a letra "p" depois da primeira vogal, como: quiasma óptico, nervo óptico, tálamo óptico, fibra óptica entre outros. Por sua vez, os termos que se referem ao ouvido ou ao sentido da audição escrevem-se sem o "p", como: gânglio ótico (gânglio de Arnold), cápsula ótica, aparelho ótico (auditivo). Ambas as palavras derivam do grego: optikós e otikós.
Óptica, por definição, é a parte da Física que trata da luz e dos fenômenos da visão. Mas é muito comum nos depararmos com a designação da palavra em estabelecimentos onde se vendem ou se fabricam óculos e instrumentos ópticos. E são esses estabelecimentos que mais têm contribuído para a descaracterização da palavra Óptica, adotando ou em sua razão social, ou em seus anúncios e letreiros, a forma equivocadamente simplificada de Ótica.
.
Consultando-se os catálogos de telefones das principais cidades do Brasil, verifica-se que é extremamente reduzido o número de estabelecimentos que ainda preservam a forma tradicional de Óptica (com p).
Mas essa troca de palavras não acontece só nos estabelecimentos, mas também na classe médica. Talvez por ação subliminar, à força de ler e de ouvir a cada instante a palavra ótica com o sentido de óptica, a própria classe médica passou a aceitar passivamente a supressão do "p" na palavra óptica e seus derivados. Afinal, a pronúncia e a escrita tornam-se mais fáceis.
Segundo o banco de dados da BIREME, nos últimos 20 anos foram publicados em português, no Brasil, 121 artigos científicos utilizando no título do trabalho a palavra óptica ou óptico, com o "p", tanto como substantivo como adjetivo, enquanto 46 usaram a forma ótica,ou ótico, sem o "p", referindo-se ao sentido da visão, o que demonstra que ainda predomina na literatura médica brasileira a forma correta, com a preservação da letra p.
É interessante assinalar que na maioria das vezes em que se suprimiu a letra "p", o termo não se refere à estrutura anatômica ou condição patológica, sendo empregado na expressão "sob a ótica de" ou "na ótica de", com o sentido genérico de "maneira de ver", de "interpretar" determinado evento ou situação. Este fato sugere que ainda é tempo de se corrigir este equívoco da linguagem médica.
Com os hispano-americanos isso não acontece, no mesmo período foram publicados 95 artigos redigidos em espanhol, todos com a forma correta, preservando o "p", o que indica que eles não incorrem no mesmo erro.
Agora que você já sabe a forma correta de usar a palavra óptica, repasse essa importante informação a todos, porque a partir daqui, ninguém tem mais a desculpa de dizer que não sabia do que se tratava tal diferença!