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Lentes de contato e esporte: o que as Olimpíadas podem nos ensinar
30 Agosto 2024  | Seção: Saúde  |  Categoria: Lentes de Contato
  
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Quem acompanhou os Jogos Olímpicos, realizados em Paris, de 26 de julho a 11 de agosto, notou algumas situações inusitadas na relação entre os atletas e a visão.
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Rebeca Andrade virou até meme com sua dificuldade em enxergar as notas recebidas a cada exercício concluído. Algumas vezes, precisou recorrer aos óculos para ter êxito na missão. É que a premiada ginasta tem, pelo menos, 2,5 graus de miopia em um olho e acima de 2 graus de astigmatismo no outro. 

Outra situação que rendeu comentários envolveu o judoca William Lima, medalha de prata na competição individual e bronze na disputa por equipes. Durante a luta semifinal contra o mongol Yondonperenlei Baskhuu, o atleta perdeu uma de suas lentes no tatame. William tem 4,5 graus de astigmatismo e pouco enxerga sem elas. Com a ajuda do árbitro, o atleta encontrou a lente perdida, recolocou-a e deu sequência ao confronto. 

Os episódios levam a um questionamento: é possível usar lentes de contato enquanto se pratica algum esporte? Segundo a oftalmologista Claudia Del Claro, a resposta é sim. "As lentes de contato oferecem vantagens significativas em relação aos óculos, como um campo de visão mais amplo, o que é ótimo para futebol, basquete e tênis, por exemplo; maior estabilidade, o que ajuda muito na corrida e no ciclismo; além de conforto e segurança, especialmente em esportes de contato ou que envolvem movimentos intensos, como nas artes marciais. Essas características podem contribuir para uma melhor performance, tanto em treinos quanto em competições", explica. 

Mas a especialista ressalta que, assim como tudo que se refere à saúde, é importante consultar um médico antes de tomar algumas decisões. "Primeiro, é preciso saber se a pessoa pode ou não usar lentes de contato. Depois, é necessário definir qual a melhor opção de acordo com a modalidade esportiva que pratica?, complementa. Dra. Claudia cita o exemplo da própria Rebeca Andrade. "Em teoria, ela pode usar lentes de contato no esporte em que atua, mas, talvez por conta do magnésio [o pó é usado para aumentar a aderência durante os movimentos], ela prefira não utilizá-las. Certamente foi uma decisão tomada em conjunto com um profissional". 

Alternativa

As lentes descartáveis diárias são a opção mais indicada para a prática de esportes, principalmente em ambientes externos, atividades de contato ou aquáticas. Elas minimizam o risco de infecções, já que não são reutilizadas. Nos últimos anos, a tecnologia tem desempenhado um papel crucial na melhoria dessas lentes de contato, com inovações que permitem maior oxigenação e conforto.

A oftalmologista acrescenta que, além disso, é recomendado que os atletas sempre tenham lentes reservas durante treinos e competições, para o caso de perda, que foi justamente o que ocorreu com o judoca William Lima. "Idealmente, a lente deveria ter sido descartada ou, no mínimo, higienizada com solução multiuso antes de ser recolocada. As mãos também deveriam ser lavadas para fazer a substituição. Se não for possível a troca, o mais prudente é continuar a disputa com a visão de um olho apenas", recomenda Del Claro.

Apenas quando falamos de esportes aquáticos é que surgem mais limitações. A água, tanto das piscinas como do mar, pode conter microrganismos capazes de causar infecções graves. Assim, o mais recomendado é o uso de óculos de natação com grau para a correção visual em vez de lentes.

Cuidados

Embora os cuidados diários com as lentes de contato, como a limpeza e o armazenamento adequados, sejam essenciais, praticantes de esportes devem tomar precauções extras. Dependendo da atividade, é aconselhável o uso de óculos de proteção, transparentes ou escuros, sobre as lentes, e é fundamental garantir que elas não sejam reutilizadas após situações de maior exposição a contaminantes como água, poeira ou fuligem. 

Também idealizadora da campanha Setembro Safira, que alerta para a conscientização das boas práticas no uso das lentes de contato, Claudia Del Claro explica que os maus hábitos, e isso vale para qualquer pessoa, não só dentro do esporte, podem trazer sérias complicações para o usuário. "O descuido pode levar a infecções capazes de ocasionar consequências devastadoras aos olhos, como a limitação da visão por conta das cicatrizes causadas pelas feridas. Se extensas, elas ainda podem levar ao transplante de córnea ou até mesmo à perda do globo ocular", adverte a oftalmologista.

Seguindo as orientações recomendadas, no entanto, a especialista deixa claro que o fato de não enxergar bem e precisar fazer uso de lentes de contato não é um limitador para se dar bem no esporte. "O importante é realizar consultas oftalmológicas anuais para monitorar a saúde ocular e garantir a melhor correção visual possível. Com a escolha apropriada das lentes, basta seguir as recomendações médicas e, em esportes ao ar livre, proteger os olhos com lentes escuras que ofereçam proteção contra radiações UVA e UVB 400", conclui.
 

Sobre Setembro Safira

A campanha Setembro Safira foi criada com o propósito de conscientizar e educar a população sobre os cuidados essenciais ao usar lentes de contato. A iniciativa conta com o apoio da Sociedade Brasileira de Oftalmologia e a colaboração de profissionais da área de norte a sul do país. Com uma cartilha de "10 mandamentos", o objetivo é mobilizar os usuários a adotarem hábitos corretos, prevenindo possíveis complicações oculares e até mesmo a perda da visão, e também de proporcionar uma melhor experiência, que garanta todos os benefícios das lentes. O nome Setembro Safira foi escolhido por conta do significado simbólico da pedra preciosa, que representa a sabedoria, refletindo a intenção de não apenas informar, mas também ensinar o uso adequado das lentes de contato.
 

Sobre Dra. Claudia Del Claro  

A Dra. Claudia Del Claro é médica oftalmologista e uma das especialistas envolvidas na campanha Setembro Safira, sobre a conscientização do bom uso das lentes de contato. Médica pela Universidade Federal do Paraná, com residência em Oftalmologia no Hospital de Clínicas da UFPR, é especialista em lentes de contato e atua nas áreas de cirurgia de catarata, cirurgia refrativa e córnea. Ela é chefe do Departamento de Lentes de Contato do Hospital de Olhos de Florianópolis, além de membro da International Society of Cataract and Refractive Surgery, Academia Americana de Oftalmologia, Conselho Brasileiro de Oftalmologia e da Associação Brasileira de Catarata e Cirurgia Refrativa. Tem no YouTube o maior canal do Brasil sobre oftalmologia, que visa informar a população sobre os cuidados com a saúde ocular.
Fonte:
Agência Casa 9
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