O universo das conversas de grupos de profissionais está recheado de siglas que, para os que não são da área, soam quase como se fosse uma outra língua. O AVD, significa Atividades da Vida Diária. Ao ler esse termo, já é possível delinear um pouco melhor sobre o que estamos falando. Vida diária nos remete ao cotidiano e é justamente sobre atividades que são realizadas nesse tempo e espaço, as que estão incluídas nessa classe de atividades. Mas fazemos muitas atividades diversas se pensarmos desde a hora em que acordamos até a hora de dormir.
Em geral, damos pouco valor a atividades corriqueiras como cortar a pizza num restaurante, ou vestir-se, até nos vermos impedidos de realizá-las por causa de uma intercorrência em nossas vidas, como a perda parcial ou total da visão, ou lesões que comprometem nosso sistema motor. Nesse caso, AVD é uma modalidade de atendimento às pessoas com deficiência, que hoje é de competência do terapeuta ocupacional, de acordo com a Resolução 316, de 19 de julho de 2006 do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional.O objetivo dos atendimentos seria oferecer a possibilidade de resgatar a independência e autonomia na realização das AVD´s e AIVD´s, promovendo a participação social das pessoas que atendemos.
Tente se imaginar fazendo uma atividade de olhos vendados, e poderá observar que algumas, como amarrar um cadarço pode não parecer tão complicado, mas saber a cor da roupa, identificar quando o alho está dourado na panela, passar o lápis no olho, ou fazer um bolo, exigirá um esforço maior de adaptação. É importante salientar que essas atividades estão relacionadas aos papéis que a pessoa desempenha em seu cotidiano, tais como de mãe, estudante, avô e trabalhador, variando conforme a cultura, idade, sexo e momentos de vida.
Patrícia Miyuki Otani (Terapeuta ocupacional graduada pela Faculdade de Medicina da USP, atua na Reabilitação de pessoas com deficiência visual)