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A arte de revelar a essência de cada um. Uma conversa com Philip Hallawell
5 Junho 2025  | Seção: Colunas & Artigos  |  Categoria: 
  
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Coluna SerjãOÓptico
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Visagismo e identidade no universo óptico

Em um mundo onde a imagem fala antes da palavra, compreender os traços, formas e proporções do rosto humano se tornou essencial não apenas na estética, mas também no design de óculos. E poucos têm traduzido essa linguagem com tanta profundidade quanto Philip Hallawell. Artista plástico, arte-educador, escritor e criador do Visagismo contemporâneo no Brasil, Hallawell construiu uma ponte entre arte, psicologia e imagem pessoal, influenciando profissionais da beleza, da moda e, mais recentemente, da óptica.

Philip descobriu seu chamado pela arte ainda jovem, mas foi durante os anos de formação nos Estados Unidos e na Inglaterra que entendeu: criar não era apenas um prazer estético, era uma necessidade existencial. Com uma bagagem acadêmica que une arte, filosofia, psicologia e linguagem visual, ele mergulhou fundo na simbologia do rosto humano, conectando traços físicos a temperamentos e emoções. 

Foi assim que nasceu o Visagismo Image ID, um método pioneiro que vai além da estética para ajudar cada pessoa a expressar, com consciência, quem realmente é. Nesta entrevista exclusiva, ele fala sobre os caminhos que o trouxeram até aqui, a importância da leitura simbólica da imagem pessoal e como o visagismo pode transformar de forma profunda e duradoura o papel dos óculos no dia a dia do consumidor.

E agora você vai poder conferir, nesta edição especial da coluna Serjão Óptico para o portal Opticanet, um papo inédito e exclusivo com o Pai do Visagismo no mundo. Nesta conversa Hallawell fala como o visagismo pode ser uma ferramenta poderosa para revelar a identidade de quem usa óculos indo muito além da estética e entrando no campo da expressão autêntica. Uma entrevista que provoca reflexões, inspira e convida o setor óptico a enxergar o rosto humano como uma tela viva de possibilidades.

Serjão Óptico: Phillip, para começar nossa conversa, eu queria voltar no tempo: como a arte entrou na sua vida? Qual foi o momento em que você entendeu que esse seria o seu caminho?

Philip Hallawell: Serjão, prazer falar com você. Ah! Foi desde muito cedo, mas foi na faculdade, nos EUA, que percebi que a arte era mais do que um gosto prazeroso. Era uma necessidade existencial!

Serjão Óptico: Você viveu uma experiência muito rica estudando fora. Como foi esse processo de formação fora do Brasil e o que mais te marcou nessa fase?

Philip Hallawell: Eu tive o privilégio de uma formação, primeiro em Rugby School, na Inglaterra, e depois em Haverford College, nos EUA - duas instituições consideradas entre as melhores do mundo. É uma formação multidisciplinar, que foca no pensamento comparativo, algo que está desaparecendo atualmente. Sem essa base, eu não teria conseguido criar tanto em áreas como arte, educação, televisão e imagem pessoal.

Serjão Óptico: Em paralelo à sua formação artística, você também teve uma experiência com um esporte de muito contato, o rugby. O que esse esporte te ensinou? Ele influenciou sua visão sobre estética, comportamento ou até disciplina criativa?

Philip Hallawell: O rugby foi criado num lampejo de indisciplina e, como diziam, "demonstrando um fino desrespeito pelas regras". Aprendi que não há criatividade sem ruptura - mas essa ruptura precisa ser consciente. Para ser criativo é preciso ter coragem, questionar e saber respeitar a cultura, sem ser subserviente. A estética depende da sensibilidade, do desenvolvimento da percepção visual e do conhecimento da linguagem visual.

Serjão Óptico: Em que momento nasce o conceito do "Image ID"? Como essa ideia se desenvolveu?

Philip Hallawell: Nasceu em 1971, quando li O Homem e seus Símbolos, de Carl Jung, e percebi que as estruturas das imagens são compostas por símbolos arquetípicos, com significados universais e atemporais. A partir desse insight, que inicialmente apliquei à minha arte, desenvolvi durante 30 anos outras associações. Cheguei à conclusão de que toda imagem é, essencialmente, uma composição de símbolos arquetípicos - linhas, formas e cores - que expressam algo além da estética. Isso me levou a criar um método de análise facial ligado aos temperamentos e, por fim, associá-lo à Teoria do Cérebro Emocional para compreender a psicologia da imagem e seu efeito no comportamento.

Serjão Óptico: Como você define, com suas próprias palavras, o visagismo? E o que o diferencia da simples consultoria de imagem?

Philip Hallawell: Em primeiro lugar, é preciso diferenciar Visagismo de Visagisme, que surgiu na França em 1937.

Visagismo é a arte de criar uma imagem pessoal customizada, uma identidade visual alinhada com o senso de identidade, harmonia e estética.

Já o Visagisme é uma técnica que busca equilibrar os formatos da imagem com o formato do rosto e harmonizar a cor da pele com as cores da imagem.

A consultoria de imagem, por sua vez, é focada em vestimentas e acessórios. Tanto ela quanto o Visagisme não costumam ensinar linguagem visual, psicologia da imagem ou um método de análise facial para conhecer o temperamento do cliente.

 

Serjão Óptico: O visagismo, como você propõe, é uma forma de ajudar as pessoas a expressarem quem realmente são. Como é esse processo de leitura simbólica da imagem e o que ele revela sobre identidade e autoestima?

Philip Hallawell: A leitura facial é a interpretação dos símbolos arquetípicos presentes no rosto. Isso permite conhecer o temperamento de qualquer pessoa e estimular a reflexão sobre como ela usa essas características (o que molda sua personalidade) e o que deseja expressar em diferentes contextos. Isso oferece ao profissional um caminho claro para criar a imagem ideal dentro de sua área de atuação.

Serjão Óptico: E quando falamos de rosto, não tem como não pensar em óculos. Como você enxerga o papel do visagismo óptico na hora de escolher uma armação? O que está em jogo além da estética?

Philip Hallawell: A estética é fundamental, mas com o conhecimento do Visagismo Image ID e um bom treinamento, o consultor óptico pode analisar o rosto do cliente em poucos minutos - ou até segundos.

Isso o ajuda a criar um relacionamento mais empático, entender o que o cliente deseja expressar em diferentes situações (estudo, trabalho, lazer, apresentações, etc.) e explicar como o design dos óculos afeta emocionalmente o usuário. Ou seja, ele mostra por que dificilmente uma única armação será ideal para todas as ocasiões.

Serjão Óptico: Na sua visão, como o mercado óptico brasileiro tem se relacionado com o visagismo? Você acha que estamos prontos para enxergar os óculos como uma extensão da personalidade e não só como um acessório funcional?

Philip Hallawell: A grande tendência mundial é a customização. Portanto, não é mais opcional adquirir esse conhecimento. Ele exige que todos voltem a estudar e a questionar seus paradigmas. Tira as pessoas da zona de conforto - e isso, muitas vezes, gera incômodo!

Serjão Óptico: O que um profissional óptico precisa desenvolver para aplicar o visagismo com verdade? É preciso ser artista, terapeuta, comunicador?

Philip Hallawell: Ele não precisa ser artista, já que normalmente não cria o design dos óculos. Mas precisa estudar linguagem visual para escolher, entre milhares de modelos, aquele que melhor comunica o que o cliente deseja.

Além disso, deve dominar análise facial, saber dialogar com o cliente e estudar psicologia da imagem - identidade, personalidade e pertencimento.

Serjão Óptico: Quais os principais erros ou mitos que você costuma ver nas tentativas de aplicar o visagismo no ponto de venda?

Philip Hallawell: O maior erro é acreditar que basta focar na estética. Poucos profissionais sabem analisar o rosto e o temperamento, e há uma tendência forte de se prender a estereótipos masculinos e femininos.

Serjão Óptico: Você acredita que o visagismo pode ser um diferencial competitivo para óticas? Como transformar esse conhecimento em valor percebido para o cliente final?

Philip Hallawell: Sem dúvida! O processo é uma experiência inesquecível para o cliente, que vai compartilhar com amigos e familiares &mdash uma propaganda gratuita extremamente poderosa.

Além disso, o ticket médio da venda tende a ser mais alto, porque o cliente percebe que precisa de mais de um modelo de óculos para funções diferentes - mesmo que sua necessidade visual técnica seja a mesma.

Serjão Óptico: Para quem está começando agora e quer mergulhar no universo do visagismo óptico, por onde começar? Quais são os primeiros passos mais importantes?

Philip Hallawell: O melhor é fazer o curso de Visagismo Image ID. Mas, para começar, recomendo meus livros - especialmente Visagismo Integrado: identidade, estilo e beleza.

Há também muito conteúdo gratuito no site www.visagismo.com.br e no meu canal do YouTube: @Philip Hallawell Visagismo em Foco.

Serjão Óptico: Por fim, se pudesse deixar uma mensagem para as novas gerações de visagistas e profissionais ópticos, qual seria?

Philip Hallawell: Estejam sempre prontos para buscar novos conhecimentos, estudar e treinar muito. Conhecimento e criatividade são os grandes diferenciais no mundo empresarial.

Modelos de 10 anos atrás, em geral, já estão obsoletos hoje. Procure sempre o mar azul - onde não há competição.

 O Visagismo Image ID ainda é um mar azul, mesmo depois de 23 anos, porque aquilo que é realmente novo leva tempo para ser compreendido e absorvido.


SerjãOÓptico

Fonte: SerjãOÓptico
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